O estudo conduzido pelos investigadores
da Concordia University, nos EUA, demonstrou que a aprendizagem de um
instrumento, durante os seis e os sete anos de idade, tem efeitos
benéficos no desenvolvimento do cérebro e produz alterações duradouras
nas capacidades motoras e na estrutura cerebral. “ A aprendizagem de um
instrumento requer a coordenação das mãos e de um estímulo visual ou
aditivo. A prática de um instrumento antes dos sete anos aumenta,
provavelmente, a normal maturação das ligações entre regiões motoras e
sensoriais do cérebro”, revelou, em comunicado de imprensa, a líder do
estudo, Virginia Penhune.
De forma a chegar a estas conclusões, os
investigadores submeteram 36 músicos a uma tarefa de movimento tendo
posteriormente realizado ressonâncias magnéticas aos seus cérebros.
Metade dos participantes tinham iniciado a sua formação musical antes do
sete anos, enquanto a outra metade começou mais tarde. No entanto,
todos os participantes tinham os mesmos anos de experiência. Estes dois
grupos de músicos foram também comparados com indivíduos que tinham tido
pouca ou nenhuma formação musical.
Quando os investigadores compararam as
capacidades motoras dos dois grupos de participantes verificaram que os
músicos que começaram a aprender mais cedo eram mais precisos.
Relativamente à estrutura do cérebro, o estudo apurou que os músicos que
começaram a ter formação musical precoce apresentavam um aumento numa
zona específica da substância branca que é constituída por fibras
nervosas que ligam as regiões motoras esquerda e direita do cérebro.
Quanto mais cedo a formação musical era iniciada maior era a ligação
entre as duas regiões.
As ressonâncias magnéticas mostraram que
não havia diferenças entre os indivíduos que não tinham aprendido
música e os que tinham iniciado a sua formação numa idade mais tardia.
Estes resultados sugerem que o desenvolvimento cerebral ocorre
precocemente ou então não ocorre de todo.
“Este estudo é importante na medida em
que demonstra que a aprendizagem de um instrumento musical é mais eficaz
em idades precoces, porque existem determinados aspetos da anatomia do
cérebro que são mais sensíveis a alterações nestas idades”, explicou, o
coautor do estudo, Robert J. Zatorre.
“Verificámos que os músicos que iniciam a
formação precocemente apresentam algumas capacidades específicas e
alterações no cérebro. Contudo, isto não faz deles, necessariamente,
melhores músicos. O desempenho musical é uma capacidade, mas também
envolve comunicação, entusiasmo, estilo e outras tantas coisas que não
se medem. Assim, iniciar a aprendizagem musical precocemente pode ajudar
à genialidade de um músico, mas não faz dele um génio”, conclui a
investigadora.
Estudo publicado no “Journal of Neuroscience”
Fonte: http://bit.ly/WE1uOs